quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A zona criativa da matemática


Gostar de matemática pode ser contagiante, sobretudo à medida que a aprofundamos e que a compreendemos. Às vezes torna-se viciante. Mas como poderemos gostar de uma disciplina que reconhecidamente se tornou, ao longo do tempo, um problema para a grande maioria dos alunos? Talvez compreendendo a sua essência que é afinal onde tudo começa. Talvez até nos apaixonemos…

Por esse motivo, o meu trabalho tem vindo a emergir na tentativa de promover uma abordagem à matemática, revelando que a disciplina é um universo de novidades e descobertas.

As experiências profissionais que nos são proporcionadas ao longo da vida servem não somente para transmitir conhecimento aos alunos, mas também para aprendermos, evoluindo no nosso conhecimento profissional e sentido pedagógico. Talvez esteja na matemática o zénite desses conhecimentos e da sua aplicação; talvez assim possamos alterar o desempenho dos nossos alunos melhorando o seu empenho na disciplina.

As dificuldades que diariamente enfrentamos quando lecionamos a disciplina de matemática colocam-nos um desafio que (quantas vezes) vai para além da aula e vive connosco um quotidiano de ansiedade. A maioria dos alunos sempre que enfrentam um problema de carácter mais abstrato, deixam-nos perguntas pertinentes, que também colocamos a nós próprios. Uma delas, quiçá a de maior simplicidade e que pairará no espírito de muitos alunos e professores: Porque é tao difícil ensinar e aprender matemática?

É certo que, também nós, quando nos iniciámos no universo que é a matemática, deparámos com dificuldades quantas vezes acrescidas. As recordações das aprendizagens neste vasto universo ainda hoje perduram, reforçando que trabalhar apenas situações concretas é muito limitador, pois é no raciocínio abstrato, para além do cálculo numérico, que tudo começa: É a zona criativa da matemática.

Talvez assim seja possível alimentar o espirito dos alunos, que connosco vão evoluindo no dia a dia, com a importância acrescida de certas tarefas porque proporcionadoras de mais-valias no seu conhecimento e promotoras de maior interesse pela própria disciplina, proporcionando-lhes em concomitância um maior rendimento.

Julgamos que “espicaçar a alma questionadora” que se encontra em cada aluno poderá ser o cerne do processo de aprendizagem, já que, a cada espaço de novidade emergem novos espíritos inovadores e criativos.

A motivação em matemática é uma questão complexa. Numa era em que a disciplina é encarada pelos alunos não como a ciência das ciências, mas a disciplina que os derrubará, a sua desmotivação é patente e reflete-se nos resultados das avaliações tal como no comportamento em sala de aula.

O novo programa do Ensino Secundário de Matemática A atribui um novo relevo às demonstrações matemáticas e ao raciocínio dedutivo. O cálculo numérico e a filosofia das operações não são suficientes para que os alunos mergulhem neste maravilhoso universo de lógica e raciocínio.